sexta-feira, abril 20, 2007

Sobressaltos





"Assim por diante até se deter quando para seus ouvidos do fundo desde dentro oh que foi e aqui uma palavra perdida fosse para ter fim onde nunca até então. Descanso então antes de novo de não mais até até mais que talvez nunca de novo e então de novo fraco do fundo desde dentro oh que foi e aqui aquela palavra perdida de novo fosse para ter fim onde nunca até então. Em todo caso o que quer que fosse para ter fim e assim por diante já não estava ele em pé ali todo curvado e para seus ouvidos fraco do fundo desde dentro nova e de novo oh que foi algo e assim por diante já não estava ele até onde podia ver lá onde nunca até então? Pois como poderia mesmo alguém assim como ele ao se descobrir em tal lugar não tremer por se descobrir nele de novo o que não fizera nem tendo tremido procurar ajuda em vão no assim chamado pensamento de que tendo de algum modo saído dele então poderia de algum modo sair dele de novo o que também não fizera. Lá então todo esse tempo onde nunca até então e até onde podia ver em todas as direções quando levantava a cabeça e abria os olhos nenhum perigo ou esperança conforme o caso de jamais sair dali. Era então para ele agora prosseguir indiferente ora numa direção ora noutra ou por outro lado não mais se mexer conforme o caso isto é conforme aquela palavra perdida a qual se fosse para advertir como infeliz ou interdito por exemplo então claro que apesar de tudo um e se ao contrário então claro o outro isto é não mais se mexer. Tal e muito mais que tal o rebuliço em seu assim chamado juízo até nada sobrar do fundo desde dentro mas apenas sempre mais fraco oh ter fim. Não importa como não importa onde. Tempo e pesar e o assim chamado eu. Oh tudo ter fim."


Samuel Beckett 'Stirrings Still' ('Sobressaltos'/Trad. Ana Helena Souza)

THE END