"Hora de comer — comer! Hora de dormir — dormir! Hora de vadiar — vadiar! Hora de trabalhar? — Pernas pro ar que ninguém é de ferro!"
(Filosofia - 1939)
Dois 'Nordestinos' em pauta: Hoje é o aniversário do poeta pernambucano 'Ascenso Ferreira', famoso pela sua linguagem rica em termos exóticos e de elementos regionais.
Ascenso Carneiro Gonçalves Ferreira nasceu no município de Palmares, zona da Mata de Pernambuco, a 09 de maio de 1895. Em 1911, publica no jornal A Notícia de Palmares, o seu primeiro poema, "Flor Fenecida". Em 1920, muda-se para o Recife, onde torna-se funcionário público e passa a colaborar com o Diário de Pernambuco e outros jornais.
Em 1925, participa do Movimento Modernista de Pernambuco e, em 1927, publica seu primeiro livro, "Catimbó". Viaja a vários estados brasileiros para promover recitais. Em 1941, publica o seu segundo livro ("Cana Caiana").
O terceiro livro ("Xenhenhém") está pronto para ser editado, mas só sairia em 1951, incorporado à edição de "Poemas", que foi o primeiro livro surgido no Brasil apresentando disco de poesias recitadas pelo seu autor - a edição continha, ainda, o poema "O Trem de Alagoas", musicado por Villa Lobos.
A 5 de maio de 1965, morre no Hospital Centenário, em Recife, quatro dias antes de completar 70 anos.
leia aqui o poema 'Oropa, França e Bahia'.
E amanhã...
comemora-se os 60 anos da morte de "Catullo da Paixão Cearense".
Catullo da Paixão Cearense, nascido em São Luiz, em 8 de outubro de 1863, entrou definitivamente para os anais da música brasileira ao trazer o violão das rodas de seresteiros para os conservatórios de música em 1908.
O registro de Talento e Formosura - sua e de Edmundo Otávio Ferreira- feito pelo cantor Mário Pinheiro em 1906, constitui-se num dos itens mais raros da discografia nacional.
Filho do ourives Amâncio José da Paixão Cearense e de Maria Celestina Braga, o menino Catullo correu pelas ruas e casarões da sua cidade com os irmãos Gil e Gerson até os dez anos, quando se mudou com os pais, para a fazenda dos avós paternos, no sertão cearense.
No contato com a gente simples, bebendo desta sabedoria e se fartando deste imaginário matuto, o futuro violeiro soube coletar os mais puros motivos e recria-los, além de registrar as peculiaridades lingüísticas do caboclo da caatinga. Suas modinhas, que a tantos agradaram no ocaso da monarquia e nas primeiras décadas da república, refletiam também o estado de espírito do boêmio, sempre a declamar apaixonado e muitas vezes desprezado pela sua amada.
Sua presença cultural é tão grande na história da música brasileira deste período, que o escritor Lima Barreto chegou a criar o personagem Ricardo Coração dos Outros, um violonista compositor de modinhas e que é um dos coadjuvantes do clássico pré-modernista "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Uma das mudanças mais marcantes na vida do artista aconteceria em 1880, quando a família se muda para a sede do império Rio de Janeiro. No dia 5 de julho de 1908, Catullo revolucionou os padrões musico-culturais da época, quando a convite do Maestro Alberto Nepomuceno, fez um recital de violão no templo da música erudita de tradição européia, o Conservatório de Música.
Nos últimos dias de vida, Catullo morou num barracão na rua Francisco Méier, hoje rua Catulo da Paixão Cearense, no Engenho de Dentro, subúrbio do Rio de Janeiro. Ao barracão deu o nome de "Palácio Choupanal" e nele o poeta recebia velhos amigos, antigos companheiros da estiva e visitantes ilustres, entre eles, Monteiro Lobato, o poeta espanhol Salvador Rueda, o tenor e médico mexicano Alfonso Ortiz Tirado.
Catullo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946.
Leia aqui seu clássico 'Luar do Sertão'.
"Senhor
Tréguas a meus ais!"
- Catullo -
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