Temp(l)o Glauber
Sintra, 26 de abril de 1981. “Aqui é bonito. Escrevo diante de uma panavisão sobre o Atlântico camoniano e sebastianista do alto de uma montanha antes habitada por Byron numa linda casa onde viveu Ferreira de Castro... O romancista João Ubaldo Ribeiro está hospedado aqui com a Berenice grávida... As coisas vão bem, estou feliz no meu feudo à beira mar plantado vendo todos os dias naves partindo na construção do IV Império de Sebastião Ressuscitado...”
Poema do Amor
Tudo talvez se defina
na conspiração
da poesya e
da infecção,
estou no começo da vida
mas não sei se a saúde resiste
o mundo profetiza guerra global
e corta o mistério da existência
nos projetando nos braços vitais
revolucionando o prazer, essência.
Junho, 1981.
25 anos sem Glauber Rocha - 14.Março.1938 / 22.Agosto.1981
''Mais do que um artista ou um cineasta, Glauber foi um grande pensador a seu modo, um pensador-poeta, com um método metafórico e uma disciplina revolucionária que inventava a cada dia conforme as necessidades de seu projeto, de suas iluminações. 'Acreditar sem limite nessas iluminações foi o grande ensinamento da vida e da obra de Glauber - o que nos permite dizer que ele pode não ter mudado o Brasil, mas este país nunca mais será visto da mesma maneira depois de sua existência. É como se Glauber tivesse inventado um país que o Brasil não pára de plagiar'' - Cacá Diegues -
''a personalidade de Glauber iluminou e obscureceu a percepção de sua arte'': Seu legado estético é inseparável de sua lenda pessoal. E ele, desde cedo na Bahia, sabia que, para fazer cinema relevante no Brasil, era preciso inventar uma pessoa em si mesmo, uma pessoa que se pusesse acima das limitações que ser do Brasil representa. (...) Não só sinto saudades dele: diante de cada situação que se apresenta, me pergunto: cosa farebbe Glauber?'' - Caetano Veloso - (JB)
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