Listen To The Lion
Hoje o leão irlandês "George Ivan Morrison", ou Grande "Van Morrison" completa 61 anos (Belfast, 31.Ago.45).
Entre 1964 e 1965 fez 'Gloria' com o grupo inglês 'Them'... E em 67 lançava seu primeiro álbum solo 'Blowin' your mine'. Lançava modo de dizer. Quando o disco saiu, Van estava em turnê e nem sabia que seu empresário, o famoso 'Bert Berns' (produtor do 'Them' e compositor de grandes músicas; sua última foi 'Piece of my Heart', gravada por 'Erma Franklyn' ainda em 67 e em seguida pela 'Janis Joplin') havia decidido jogar no mercado as músicas que ele gravara em duas sessões em New York, uma em Março, quando saiu o single 'Brown Eyed Girl', e a outra em Novembro. É dessas sessões que surge a poderosa 'T.B.Sheets' em que narra uma visita a um amigo enfermo de tuberculose e é uma composição extraordinária. Com o falecimento de 'Berns' em Dezembro/67 , 'Van Morrison' assumiu de vez seus projetos que hoje já passam de 40 obras em mais de 40 anos de história.
Violão, guitarra, teclados, harmônica, saxofone... e uma voz, que como disse o crítico 'Greil Marcus', 'nenhum homem branco canta como Van Morrison'.
Sem o fantasma de 'Berns' por perto, não deu outra, Van lança em Novembro/68 o clássico (e todos os superlativos encontrados) 'Astral Weeks'. Maduro, muitos o chamam de álbum 'impressionista', talvez na relação da busca e mistura de sombras, luzes. Enfim, uma obra única, que não chega a ser um disco conceitual mas é como se todo o disco fosse uma longa canção. Van sabia que havia feito o álbum mais importante de sua vida, mas nos idos de 68, com tanta coisa boa sendo criada, demorou pra 'Astral Weeks' se transformar nessa unanimidade. Sendo assim, pé na estrada, ou, no estúdio...
Se por um lado 'Astral' trazia um lado mais de improviso, de experimentalismo, misterioso mesmo, 'Moondance', lançado em Março/70, vinha mais arranjado, mais ensaiado. Se o anterior era mais calcado no folk e no blues, esse trazia mais presente as inspirações de R&B, da Soul Music. Impecável em ambos é a extensão vocal de Van e sua desenvoltura como cantor.
A despeito de 'Van Morrison' ser uma pessoa mais reclusa e estar vivendo uma fase mais relaxada em sua vida, lança outro álbum no final de 1970, 'His Band And The Street Choir', na mesma linha do anterior, com toques de 'Fats Domino' (a faixa 'Domino' abre o disco) e 'Otis Redding'.
'Tupelo Honey', quinto trabalho de Van, lançado em Novembro/71, concilia bem todos os outros e apresenta alguns elementos da música Country e os violões ganham destaque.
Quebrando um pouco essa 'certa' homogeneidade dos seus três últimos álbuns, em Julho/72 'Morrison' lança 'Saint Dominic's Preview', embebido na turbulência de um casamento chegando ao seu término. E aqui ele vem com uma canção que remete às improvisações do 'Astral', a bela 'Listen To The Lion'; e é justamente aqui, nesse poder que Van tem de criar uma tensão na sessão rítmica e na sua forma de colocar sua potente voz, que a marca maior desse artista se faz presente.
Em Julho/73 é a vez do disco 'Hard Nose The Highway', trazendo um pouco de Jazz e de música Folk Irlandesa tradicional, além de se utilizar de novas técnicas de produão, utilizando coros e 'Big Band'. Foi no ano de 73 também que a aclamada turnê se transformou no primeiro duplo/ao vivo, 'It's Too Late To Stop Now', com um Van soberbo em interpretações iluminadas (Into the Mystic), hits do 'Them' (Gloria) e seis versões para clássicos do R&B/Soul, ao lado da banda 'Caledonia Soul Orchestra' (11 músicos), criada por Van para essa excursão.
Próximo rugido?...
'Veedon Fleece'.
Desolado com o divórcio, Van compõe uma obra dilacerante. Alguns até o consideram um 'Astral Weeks Revisited', por algumas similaridades como a utilização de instrumentos acústicos, os compassos jazzísticos, a sessão de cordas... O que difere mais provavelmente seja na liberdade expressiva que 'Astral' possui, com a precisão adquirida nos estúdios e as influencias mais diversas entre as músicas de 'Veedon' que é um dos álbuns mais ambiciosos, ecléticos e inpiradores. Assim como 'Astral' igualmente passou despercebido e Van se retirou de cena por dois anos e meio.
Lamentável o disco 'Veedon Fleece' não ter ido para os palcos. No ano de 1974 Van apareceu muito pouco e no Festival de Knebworth , em que se apresentaram também 'Tim Buckley', 'Mahavishnu', 'Allman Brothers', etc, ele apresentou apenas uma única canção, 'Bulbs' e repetiria o feito no Festival de Montreaux.
Agora sim cheguei aonde eu queria, 'num' vai dar para falar dos outros trinta e tantos tesouros, mas queria lembrar que o 'Van - The Man' está com algumas datas de Setembro nos 'States' e lançando em Outubro um DVD com duas apresentações no Festival de Montreux, (entre tantas outras, inclusive este ano), 'Live At Montreux 1974/1980' traz justamente essas duas apresentações. Um presentaço de nível.
O blog Chocoreve nos dá um outro presente colocando alguns bootlegs do Van como 'Live at the Roxy - 78', 'No Stone Unturned' (com out-takes de 68 a 74), 'Werchter - 83', e 'Rocks His Gypsy Soul' .
Crazy Love (Live)
Gypsy
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