Te Recuerdo Víctor
Amanhã o mundo comemora os 5 anos do chocante '11 de Setembro', talvez a imagem mais impressionante que se pôde assistir ao vivo numa televisão. Nesses dias de bastante frio, me peguei tecendo comparações com isso e aquilo e acabei por tomar de empréstimo a filosofia da 'Lei do Retorno'... Por esse mesmo dia 11 de Setembro, só que do ano de 1973, portanto 33 anos atrás, Esse mesmo governo de ego ferido patrocinava a 'farra' do Chile ceifando mais de 15 mil vidas, entre elas a do poeta, diretor teatral, ativista político, compositor e cantor "Víctor Jara".
'Víctor' tinha 41 anos e já havia lançado 8 discos (o primeiro em 1966), quando foi preso pelo golpe militar e levado ao Estádio de Futebol (que hoje leva seu nome) juntamente com milhares de estudantes e trabalhadores. Os relatos são dos mais bárbaros, com cenas de tortura, com as mãos do cantor tendo as falanges dos dedos esmagadas por arma e marteladas pelo corpo. Corpo esse que apareceria dia 15 crivado de balas (Melhor visitar Aqui para um relato mais detalhado). 'Víctor' era um artista reconhecido e querido, já levara sua bandeira para outras terras como Cuba, México, Inglaterra. Sua música, ao lado da de 'Violeta Parra', 'Atahualpa Yupanqui', foi referência para se descobrir um movimento que aglutinava poesia do campo, a música folclórica latina e letras politizadas. Era a 'Nueva Cancion' que salpicava por entre los hermanos, de 'Chico Buarque', a 'Mercedes Sosa' (Argentina), a 'Silvio Rodriguez' (Cuba).
Embora os militares tenham tentado rasgar, queimar tudo que se referisse ao nome 'Víctor Jara', muito de sua memória deve a coragem de sua esposa inglesa 'Joan Jara', que após conseguir enterrar o corpo de seu marido, conseguiu sair escondida do Chile em Outubro/73, levando as duas filhas do casal 'Amanda' e 'Manuela' e levando duas preciosas malas com escritos, canções e recordações de 'Víctor', incluindo a canção 'Manifesto' que sairia logo no ano seguinte no primeiro trabalho póstumo. (Neste Blog há uma entrevista de 2001 com 'Joan' que ela conta particularidades como a do 'Víctor nunca ter tocado guitarra, só violão; e fala da emoção que sente até hoje ao ouvir a canção 'Manifesto', lembrando da primeira vez que Víctor tocou para ela em Agosto de 73, poucos dias antes do assassinato). 'Joan Jara' escreveu uma biografia chamada, 'Víctor Jara' - Um Canto Truncado', e participou da criação da 'Fundação Víctor Jara'.
Canto
Manos Abiertas
"Contam as testemunhas que Jara não acabou de cantar. Foi metralhado no meio. Jara não está mais vivo. (...)
Parei e dei uma olhada na janela prá retomar o fôlego. E o que vejo, Zé? Os carros passando normalmente, os supermercados cheios, as pessoas desfilando as última moda para o inverno e, na esquina, o Exército da Salvação canta e toca pelo Natal que vem. Levei um choque. Quando levantei da mesa e olhei pela janela, esperava que todos na rua estivessem parados, com um nó na garganta, água vindo nos olhos em silêncio. Vivendo a morte de Victor Jara. Parece infantil, mas eu esperava isto. Mas eles não estavam sofrendo comigo. Nem sabem. Engolí o choro (...) Talvez se eu passasse chorando todos parassem. E será que se eu sair na Rua 70 chorando, Nova Yorque vai saber que Victor Jara morreu?"
(Trecho de uma carta de Henfil de NY a um amigo no Brasil.)
3 Comments:
Otima ideia essa de comemorar "o outro" 11 de setembro...
Abraços
Oi, aluado! Massa seu blog! Sempre que posso dou uma visitada! Aproveita e dá uma olhada no meu.
www.espartilho.blig.ig.com.br.
Beijo,
Dedezinha
Victor Jara nunca calará.
Postar um comentário
<< Home