quarta-feira, setembro 20, 2006

Sound And Vision Tour 1990

Hoje, dia 20 de Setembro, está fazendo 16 anos que 'David Bowie' fez seu primeiro show no Brasil. Uma semana de Setembro de 1990 que se respirou muito 'Bowie' no país, fosse nas revistas, jornais, tv, rádio. Seus discos estavam sendo, caprichosamente, relançados e para muitos era a primeira oportunidade de tomar conhecimento com algumas das obras mais antigas do camaleão, 'Ziggy Stardust', 'Diamond Dogs', 'Alladin Sane', 'Hunky Dory', ou o 'Space Oddity'. Era a 'Sound And Vision Tour', a turnê que o 'Bowie' jurou que cantaria pela última vez os seus clássicos, 'Changes', 'Ziggy'...
'Bowie' fez a turnê com parte da banda do guitarrista 'Adrian Belew' e fez 4 apresentações no Brasil, a primeira dia 20 de Setembro, no Rio de Janeiro e as outras em São Paulo, com algumas alterações no repertório, no Rio, eles tocaram a 'famigerada' 'Station To Station', trocando-a por 'Starman' em Sampa.

Além do show - que tenho em mim guardado todos os seus detalhes; tenho as melhores lembranças desse dia. Dos amigos que foram comigo ao show, após uma viagem de quase 50 horas de ônibus, e que não fazem mais parte do meu convívio. De meu querido 'Wellington Lemay'(foto), pintor, bailarino, ator,também fã de 'Bowie', e que nos recebeu tão bem em seu apartamento e que, infelizmente, partiu dessa cinco anos depois. Da farra dos dias passados na 'City Wonderful'. Da visita ao túmulo (ainda em construção) do 'Cazuza', falecido pouco menos de três meses...

Já que o assunto é 'lembrança':

'Do you remember a guy that's been
In such an early song

I've heard a rumour from Ground Control
Oh no, don't say it's true'
( Você se lembra de um cara que esteve
Em uma música muito antiga

Ouvi um rumor da cabine de comando
Oh, não, não fale que é verdade) - Ashes To Ashes



Existem discos que a gente escuta tanto por essa vida de meu Deus que passa a ser trilha sonora de nossas vidas e a gente até 'num' se atenta mais de nomeá-los como Clássicos, obras primorosas... 'Num' vou nem começar a citar.



Mas o danado é quando se tem um artista do nível de um 'David Bowie' e o quanto ele conseguiu produzir de coisas admiráveis, e o mais interessante, todas trazendo uma novidade sonora, estilística, muitas das vezes antecipando tendências que seriam adotadas anos depois. Ele sim pode encarnar realmente a palavra 'Vanguarda'. Também 'Num' vou nem mexer com as outras áreas passeadas por 'Bowie', seja a pintura, o cinema, o teatro (sim, há exatos 26 anos o 'camaleônico' debutava na 'Broadway' no papel do 'Homem Elefante'). Vamos ficar só com a música, e nem quero adentrar nos inúmeros instrumentos que toca, nas qualidades de estúdio que domina, nem nos amigos que fez por esses anos...

Quero apenas ressaltar dois trabalhos que os tenho como essas trilhas da vida: 'SPACE ODDITY' e 'HUNKY DORY'.


'Space Oddity' foi o segundo disco de 'Bowie', lançado em 1969 e teve um estrondoso sucesso que era a faixa título, e que virou Hit na Inglaterra após ser usada como trilha para tv nas imagens da chegada do homem à lua. O estilo beira o folk psicodélico da época, de uma sonoridade 'Donovan' a um 'Mark Bolan', deixando de lado o folk mais puro do seu debut em 67. Aqui, 'Bowie' dá pinta do estilo 'Glam' que o tornaria mania no Reino Unido com 'Ziggy' três anos depois, principalmente com a bela 'Unwashed And Somewhat Slightly Dazed'. Mas a gema fica mesmo com 'Cygnet Committee', uma espécie de 'Bolero' de 'Ravel' em que o cantor vai crescendo em meio a um longo solo nos quase 10 minutos de faixa. E não se passa incólume após ouvir as delicadas 'Letter To Hermione' e 'An Occasional Dream'. A produção foi a primeira de muitas do baixista 'Tony Visconti' e contou com a participação de três músicos nos violões/guitarras, 'Tim Renwick', 'Mick Wayne' e o encantador 'Keith Christmas'.

Sendo agora 'Bowie' um forte aspirante a ser um sucesso do pop inglês, com a permanência definitiva do guitarrista 'Mick Ronson', tornando-se uma das duplas mais fulminantes em palco nos próximos 3 anos, a possibilidade concreta de ser um 'superstar' ficou adiada por um disco. 'Bowie' se veste de mulher, e coloca a foto na capa de seu 3º álbum (o início de inúmeras provocações que ele faria), 'The Man Who Sold The World', completamente pesado, bem ao estilo do Hard-Heavy feito pelos grupos da época, assustando a todos com a nova faceta.

Em 1971 é a vez do álbum 'Hunky Dory' e o início das grandes canções pop, começando logo com a sofisticada 'Changes', clássico eterno e impensável não estar no set list. 'Oh! You Pretty Things', 'Eight Line Poems', que dizer?!... 'Life On Mars', linda como ela só, indica que 'As Aranhas de Marte' estão para vir ('Spiders From Mars' seria a nova encarnação do grupo um ano depois com o antológico 'Ziggy Stardust'); mas aqui 'Ronson' diminue o peso da mão na sua guitarra e o que se ouve é um conjunto de baladas, de canções com belos arranjos de cordas e um piano a cargo do mago 'Rick Wakeman' lindamente margeiando todo o álbum. Há ainda três tributos 'Andy Warhol', 'Song For Bob Dylan' e 'Queen Bitch', dedicada ao 'Velvet Underground'. Ah, só não vou falar que 'Quiksand' e 'The Bewlay Brothers' são minhas eternas preferidas.

'Space' e 'Hunky' guardam os últimos grandes momentos da fase Folk de 'Bowie' que depois iria 'autopsiar' o Rock e gravar meio mundo de preciosidades.

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Apesar de ter escrito além da conta, preciso contar mais uma histórinha que complementa o assunto 'Space/Hunky'.

No álbum 'Space oddity', 'Bowie' trabalhou com tres guitarristas, um deles 'Keith Christmas', que o considerava um de seus cantores favoritos. 'Keith' já havia lançado um álbum em 69, 'Stimulus', quando aceitou o convite de 'Bowie' para as gravações de 'Space'. Concluída a missão, lançou em 1971 seu 2º solo e aquele que é considerado seu melhor momento, 'Fable Of The Wings', com arranjos variados , um piano jazzístico na abertura, passagens melancólicas no violão-orgão, se sobressaindo da maioria dos artistas da cena Folk da época. No ano seguinte lançou outro belo álbum, 'Pigmy', mais iluminado, com arranjos de cordas de 'Robert Kirby' e participação de 'Ray Warleigh' no sax (ambos trabalharam com 'Nick Drake' nas sessões do álbum 'Bryter Layter').


'Keith Christmas' foi substituído pelo espetacular 'Mick Ronson', que gravaria 5 álbuns com 'David Bowie', o primeiro 'Hunky Dory'. Mas antes, 'Mick Ronson' participou de outro discaço do Folk inglês, o segundo álbum de 'Michael Chapman', 'Fully Qualified Survivor', de 1970, que foi uma chacoalhada nos tradicionalistas, com arranjos de cordas melancólicos , toques de jazz e uma guitarra poderosa a cargo de 'Mr. Ronson', principalmente em duas músicas 'Stranger In The Moon' e 'Sourful Lady', deixando-as com ares de 'Cream'. O DJ 'John Peel' considerava esse disco o melhor lançado em 1970.

Well... fim da odisséia.

1 Comments:

em 10:34 PM, junho 21, 2008, Blogger Ana Valéria disse

Oi Denis sou Ana valeria, de joão Pessoa, adorei seu post, por duas pessoas que adoro, uma já se foi, muito amigo meu Leto; , assim o chamava, e hoje me deu uma saudade dele, e vim procurar mais uma vez algo, e hoje achei seu post com foto e tudo, roubei a foto, e se tiver mais posta..para matar as saudades do galego lindo e gente boníssima que era el..bjks e prazer

 

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