quarta-feira, novembro 29, 2006

Curtas




'Dan Bejar', do grupo 'Destroyer' (e colaborador do 'New Pornographers'); 'Spencer Krug' do 'Wolf Parade' e também da banda 'Sunset Rubdown', mais 'Carey Mercer' do 'Frog Eyes', encontraram tempo para desenvolver outro projeto, 'Swan Lake', e lançar seu debut 'Beast Moans', dia 21/Novembro.

All Fires
The Freedom


Mesma data para o lançamento do Box 'Songs For Christmas' de 'Sufjan Stevens', contendo 5 cds com os Eps Natalinos lançados pelo artista nos últimos cinco anos. Mania de 'Sufjan', que começou em 2001 com o Ep 'Noel Vol. 1' para celebrar a data com amigos e parentes, gravando clássicos, músicas tradicionais e composições próprias. Ao todo são 42 canções e mais um livrinho (de 40 páginas) pra contar a história.

That Was The Worst Christmas Ever
Sister Winter


A Capitol lançou, também dia 21/Novembro, a trilha do espetáculo do 'Cirque de Soleil', 'Love', uma interessante colagem com diversos clássicos dos 'Beatles', produzido por pai/filho 'George' e 'Giles' Martin', com autorização dos membros e espólio. A sensação é de espanto. Segundo os produtores, há acordes, vocalizações sobrepostas, fragmentos, linhas de baixo, trechos que até mesmo alguns dos mais experts em Beatles, sintam dificuldades em descobrir de qual música foi extraído e o quê. É como um quebra-cabeça, dá vontade de descobrir e resolver logo a questão, ou, ir direto a fonte.
Em todo o caso, duas amostras das 26 faixas que compõem o álbum:

Glass Onion
Lady Madonna


E da fonte 'Yoko Ono', um punhado de músicos, escolhidos pela própria, foi convidado para fazer uma releitura da obra nada comum da artista, como 'Cat Power', 'Flaming Lips', 'Antony', 'Porcupine Tree', 'Craig Armstrong', 'Le Tigre'... O tributo, com o sugestivo título 'Yes, I'm A Witch' ('sim, eu sou uma bruxa'), será lançado em Fevereiro/2007. Comenta-se que a versão de 'Cat Power' para 'Revelations' (do sublime 'Rising'/95) é uma das melhores.



E hoje... 5 anos sem o Mestre 'George Harrison'.

Hear Me Lord
My Sweet Lord
Beware Of Darkness

"Little darling

The smiles returning to the faces

Little darling

It seems like years since it's been here



Here comes the sun

Here comes the sun

And I say

It's alright".

quinta-feira, novembro 23, 2006

Prodigiosos das Teclinhas


...Me atentei que 'meus' pianistas em 2006 tiveram uma boa produção:


KEITH JARRETT


Começando pelo gênio "Keith Jarrett", Norte-Americano de 61 anos, que aos 9 tocava numa convenção no 'Madison Square Garden' e aos 20 já era membro de um dos mais considerados grupos de Jazz da época, 'The Charles Lloyd Quartet'. Entre 69 e 71 tocou com 'Miles Davis', dividindo a cena, no primeiro ano, com 'Chick Corea'. Depois partiu para uma carreira solo com volumosa produção discográfica pelo selo alemão 'ECM' (o mesmo do nosso 'Egberto Gismonti').

Seus concertos são marcados por longas digressões, improvisações, composições espontâneas, por notas subentendidas e pelos espaços silenciosos entre elas; aliado ao costume que 'Keith Jarrett' tem de murmurar, cantarolar, bater, se contorcer ao piano em cena, algo como faziam 'Glenn Gould' ou 'Thelonious Monk'. Só não quando ele executa repertório clássico.

A obra mais conhecida do músico é o famoso (e comovente) 'Koln Concert', de 1975, um marco no Jazz moderno e o disco 'piano-solo' mais vendido da história, ultrapassando os 4 milhões de cópias, projetando-o ainda mais para o mundo.

'Keith' se divide em carreira solo e a que mantém desde 1983 como trio, contando com 'Gary Peacock' no baixo e 'Jack De Johnette' na bateria. A última gravação do trio foi o álbum ao vivo 'Up For It', em 2002.

Em Abril deste ano foi lançado o DVD 'Tokyo Solo', gravado em 2002, no concerto de nº 150 no Japão, com o pianista apresentando peças que sairíam 3 anos mais tarde no álbum 'Radiance' (05). Há, ainda, duas emocionantes versões para 'Old Man River' e 'Danny Boy'.

E em Setembro, um ano após o concerto que marcou a volta solo aos palcos americanos, depois de uma década de ausência, saiu 'The Carnegie Hall Concert', álbum duplo, em que 'Keith' apresenta três novas peças, mais o standard 'Time On My Hands' e ressuscita, para entusiasmo da audiência, 'My Song', 77, de sua fase como 'Quarteto', e célebres companheiros, como o saxofonista 'Jan Garbarek'.

Não é de se estranhar que esse concerto toque fundo como 'Koln Concert' (75), 'Paris Concert' (88) ou 'Viena Concert' (91). Ele está no mesmo nível de apuramento e beleza.

Mas atenção se for assistir a um concerto de 'Keith Jarrett'. Faça silêncio e nem pense em levar gravador. Ele já fez ascender as luzes de um teatro no meio de uma execução para que um indivíduo desligasse o gravador e lhe pedisse desculpas. Mais recentemente, final de Outubro, em Paris, impaciente com tossidas na platéia, levantou-se e recusou a continuar a primeira parte do concerto.

Itália, 1974
Itália, 1974 (Parte 2)
Japão, 1984



BRAD MEHLDAU



Nascido na Flórida em 1970 (quando 'Keith Jarrett' ainda tocava com 'Miles Davis'), 'Brad Mehldau' iniciou-se como pianista clássico e aos 12 anos descobriu o Jazz com uma gravação ao vivo de 'John Coltrane'. Ele cita ainda como influências, 'Thelonious Monk', 'Charlie Parker' e... 'Keith Jarrett'. Ah, e o 'Bill Evans' que ele evita comparações.

Antes de formar seu próprio trio em 94, 'Brad' participou do Quarteto do saxofonista 'Joshua Redman', lançando 'Moodswing' e, em seguida, seu debut solo, 'Introducing B.M.'.

Com o Trio, formado pelo baixista 'Larry Grenadier' e o baterista 'Jorge Rossy' (substituído em 2005 por 'Jeff Ballard'), 'Brad Mehldau' toca suas composições, standards e tem enveredado cada vez mais na recriação de clássicos do Pop, Rock, com arranjos jazzísticos. Ainda que alguns 'puristas' não apreciem essa permuta entre estilos, suas interpretações para músicas do 'Radiohead' ('Exit Music', 'Paranoid Android', 'Everything in It's Right Place'); para 'Nick Drake' ('Riverman', 'Day Is Done', 'Things Behind The Sun); 'Beatles' ('Blackbird', 'Matha My Dear', 'She's Leaving Home'), mostram a ousadia e força inovadora de seu estilo. E isso só para citar os registrados em discos. 'Brad' tem executado em seus shows de 'Chico Buarque' ('O Que Será') a 'Soundgarden', 'Nirvana' e 'Hendrix'.

“O que mais me excita na música improvisada, seja tocando solo ou em trio, é o processo de assumir uma forma e abstraí-la, mas ficando sempre dentro dessa forma. Gosto de ter uma forma para pular fora, seguir em frente, mas poder sempre retornar a ela”. - Brad -


Dono de mais de uma dezena de discos, solo e trio; e de mais outra em participações, o ano de 2006 foi bem prolífico para o 'gigante precoce do Jazz'. De certa forma os três álbuns lançados este ano pelo pianista afasta a hipótese, largamente difundida, de que 'Brad' estaria se tornando um pianista mais acessível (como se isso fosse ponto negativo na estrada de alguém). Talvez se deva pela turnê de 2004, solo, suave, gerando o emocionante 'Live In Tokyo', com versões arrebatadoras e inspiradas para 'Riverman' e 'Paranoid Android'.

Ou ainda com o lançamento em 2005 de 'Day Is Done', em que ele e parceiros 'refazem' a canção título, dádiva de 'Nick Drake'. Transformam 'She's Leaving Home' numa triste valsa e deixam quase irreconhecíveis 'Martha My Dear', aquela que Sir 'McCartney' fez pra sua cadela (bicho!), e '50 Ways To Leave Your Love' de 'Paul Simon'.

Fato é que, neste 2006, 'Brad' lançou um álbum em parceria com a soprano Norte-americana 'Renée Fleming' interpretando poemas de 'Rilke' (o que ele já esboçara no álbum 'Elegiac Cycle' de 99), 'Love Sublime'.

Lançou em Junho/06, 'House On Hill', o canto do cisne da fase 'Art Trio' - 1994-2004, meio que um tributo ao baterista 'Jorge Rossy'.

E surpreende neste fim de ano lançando um delicado trabalho ao lado do guitarrista 'Pat Metheny'. 'Metheny-Mehldau' começa com a melancólica 'Unrequited', uma das três composições que 'Brad' contribuiu no álbum. Excetuando duas já gravadas por 'Metheny', o restante é composto por suas novas canções. O 'Art Trio' de 'Brad' participa em duas faixas, 'Ring Of Life' e na latina 'Say The Brother's Name'. A última do disco é a idílica 'Make Peace' com cada músico se completando perfeitamente, como se, outrora, já trabalhassem juntos.

Exit Music, 2001
Exit Music


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Há ainda uma nova safra de gênios precoces das teclinhas: O californiano, de 21 anos, 'Taylor Eigsti', que aos 12 tocou com 'Dave Brubeck' e aos 14 anos lançou seu primeiro CD. E o menino prodígio russo, 'Eldar Djangirov', 19 anos, que recentemente lançou seu segundo disco 'Live At The Blue Note e é sempre comparado ao 'Art Tatum' pela velocidade, e a 'Oscar Peterson' pela suavidade.


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WIM MERTENS



Mas eu quero fugir um pouco do Jazz para falar de um outro pianista, mais voltado ao erudito e a experimentações, o belga 'Wim Mertens'.

Ao lado de 'Philip Glass', 'Michael Nyman' e 'Steve Reich', 'Wim' se coloca como um músico muito mais abrangente, indo além da música minimalista, flertando com o Pop e tendo uma sadia mancebia com a música clássica.

Iniciou carreira no início dos anos 80 produzindo shows e programas numa Rádio da Bélgica. Com o nome de 'Soft Verdict' lançou, em 82, seu debut 'For Amusement Only', uma peça eletrônica experimental, assim como seriam suas próximas obras até 1985.

Completamente dono de sua obra, não é raro 'Wim' encabeçar projetos ousados como em 91 lançando 7 cds ao mesmo tempo, 'Alle Dinghe'. E três anos em seguida despejar mais 10 cds de uma vez, 'Gave Van Niets'. Facilidades que seu selo 'Les Disques Du Crepuscule' consegue suprir.

'Wim Mertens' compõe obras em diferentes formatos, desde canções curtas, peças para câmara, teatro, filmes... É dele a trilha de 'The Belly Of An Architect', de 'Peter Greenaway'. E também de dois filmes brasileiros dirigidos por 'Marcelo Masagão', '1,99 - Um supermercado que vende palavras' e 'Nós que aqui estamos por vós esperamos'. 'Wim' se apresentou uma única vez no Brasil, em Março de 2004.

Com o álbum de 85, 'Maximizing The Audience', sua música ganha a ilustração de vozes. E em 1986, com o lançamento do álbum 'A Man Of No Fortune And With A Name To Come', inicia um trabalho de rara beleza com peças para piano e voz, lançando desde então, 7 trabalhos primorosos nesse formato. A voz de 'Wim', angelical, potente, única, é um instrumento repleto de emoção que dialoga delicadamente com o piano.

Os outros álbuns Piano/Voz são:

After Virtue (88)
Strategie De La Rupture (91)
Epic That Never Was (94)
Jeremiades (95)
Der Heisse Brei (00)

e 'Un Respiro', lançado ano passado em comemoração aos 25 anos de carreira do artista. Um dos discos mais belos de 2005, contendo 10 canções compostas para dois pianos e duas vozes, todas executadas pelo próprio, que afirma ser a voz um guia para o piano.

Todos esses 7 trabalhos do 'Wim' são excepcionais, ainda que 'Strategie de La Rupture' me cative mais. Talvez por ter sido com ele, numa primavera de 96, que se deu o início dessa minha paixão. E ele me arrebata a cada nova audição, sem piedade. Mas 'Jeremiades', o álbum que trata das lamentações do Profeta Jeremias chorando a destruição de Jerusalém, com suas 6 peças, todas com títulos em hebreu, é de uma elevação quase divina.

Em 50 discos gravados nesses 25 anos de carreira, há um que difere do
restante, 'Sin Enbargo', lançado em 97, quando 'Wim' deixou de lado piano,voz, orquestra, para gravar um álbum de violão clássico, instrumento que o músico toca magnificamente desde os 8 anos de idade


Ainda nas comemorações de 'Bodas de Prata', lançou em 2006 o álbum 'Partes Extra Partes', uma releitura de algumas de suas obras mais significantes com acompanhamento de Orquestra.

E colocou essa semana no mercado, seu primeiro DVD, 'What Your See Is What You Hear',gravado em Roma e Antuérpia, em Setembro/05.

Pra encerrar, 'Wim' está iniciando uma tour por Portugal no dia 1º/Dezembro até o dia 10.

quarta-feira, novembro 22, 2006

1960 - 1997




9 Anos sem 'Michael Hutchence'.









INXS - Original Sin

'Yesterday...'



O grupo 'The Beatles' lançou dois trabalhos na data de hoje, 22 de Novembro:


em 1963, 'With The Beatles', segundo disco da banda;


e em 1968, o duplo de capa branca, conhecido como 'White Album', o nono da discografia oficial.




As capinhas aí ao lado são de dois bootlegs com outros takes, ensaios e curiosidades
das sessões de gravação. Você consegue baixá-los Aqui .

terça-feira, novembro 21, 2006

Nosfell



Que tal conhecer os mistérios do país 'Klokochazia' e quiça aprender seu idioma 'Klokobetz'?


Basta ouvir 'Labyala Fela Da Jawid Fel', mais conhecido como 'Nosfell', um francês de 28 anos que criou um país, uma língua e um estilo incomum para cantar mitos e fábulas, com tamanha beleza, que chega-se a pensar se ele não é mesmo de outro 'mundo'.

Dono de uma voz impressionante, límpida e encantadora 'como se estivesse possuído por diferentes entidades', e em muitos momentos tendo uma similaridade fantástica com a de 'Jeff Buckley', como tem apontado a imprensa francesa;virtuoso no violão, também percussionista e baixista, transita tranquilamente pelo folk, rock, funk e música africana.


'Nosfell invente une musique unique en son genre et difficile à classer, entre chanson, folk et rock'.


'Nosfell', um interessado por línguas orientais, canta na sua língua 'Klokobetz' (com sonoridade inspirada no japonês) alternando com o inglês, proporcionando um ótimo território para as inflexões musicais do cantor.

Em 2004 lançou seu debut, o auto-produzido 'Pomale Klokochazia Balek', ao lado de sua metade musical, o violoncelista 'Pierre Lebourgeois'. Aclamado, 'Nosfell' passou a fazer inúmeras apresentações resultando no lançamento de seu 1ª DVD 'Concert à Bruxelles'. 2006 também foi a vez da segunda obra do artista, o surpreendente álbum 'Kalin Bla Lemsnit Dunfel Labyanit', com duas canções cantadas pela primeira vez em francês.


'Each Nosfell show is a very unique experience and has its moments which are never to be seen or heard again.'


A impressão que se tem ouvindo ou vendo uma performance de 'Nosfell' é que estamos realmente diante de um artista com uma obra sua, própria, particularíssima, de excelente nível e criatividade, e de uma beleza inebriante.


Aqui consegue-se algumas músicas.


E alguns momentos ao vivo da fera:

La Cigale/2005
Ather
Sladinji The Grinning Tree
Le Mysterieux Noel

terça-feira, novembro 14, 2006

10 anos sem 'Eva Cassidy'.



Cantasse o que fosse, jazz, Folk, Pop, R&B, Standards, Pop... ela provocava comoção, quando não, lágrimas nos olhos ('Sting' que o diga, ficou espantado quando ouviu sua canção 'Fields Of Gold' em sua tocante voz). Há algo de mágico, místico em suas interpretações.

'Eva Cassidy' é daquelas figuras que vem como não quer; apronta rapidinho; deixa uma nesga de luz pra a humanidade e parte cedo. Em vida pouco foi conhecida além do seu estado natal, 'Washington DC'. O ano de 1996 que poderia ter sido o início de uma carreira brilhante, foi também o ano que pôs fim a todos os projetos de 'Eva'.

Em Janeiro/96 'Eva' gravou 'Live At Blues Alley', seu primeiro disco (não contando um em parceria com 'Chuck Brown', em 92) . Não tão satisfeita com o resultado, tratou logo de entrar no estúdio e iniciar as gravações daquele que seria seu 'debut', 'Eva By Heart', lançado postumamente um ano depois.

'Eva' descobriu em Julho/96 que seu corpo estava tomado por um câncer devastador. Em Setembro/96, usando muletas para chegar até o palco, fez sua última apresentação para amigos e admiradores cantando 'What A Wonderful World'.

'Eva Cassidy' faleceu em 2 de Novembro de 1996, aos 33 anos.


Eva Cassidy ~ Songbird


E alguns raros momentos em vídeo:

Time After time
Over The Rainbow

You've Changed
What A Wonderful World

segunda-feira, novembro 13, 2006

Curtas

...Unindo dois importantes nomes da história do Rock, 'Elvis Presley' e 'Carl Perkins' (ainda que seu som esteja mais para um 'Dylan'), o cantor 'Elvis Perkins' conseguiu finalmente uma gravadora para lançar seu primeiro disco, 'Ash Wednesday', que na verdade está pronto desde 2002.

'Elvis', - para não ficar batendo em porta de gravadora; preferiu ficar esse tempo excursionando com bandas amigas: 'Matt Costa', World Party', 'Cold War Kids' e agora abrindo para o 'Pernice Brothers'.

Criou-se uma certa expectativa com o álbum 'Ash Wednesday' desde que se começou a ouvir algumas de suas canções. 'Elvis' iniciou o projeto em 2001 e o concluiu logo após a tragédia do 11/Setembro Norte-Americano quando ele perdeu sua mãe, a fotógrafa 'Berry Berenson', que estava no vôo que se chocou com o 'World Trade'.
'Elvis' já vivera outra dolorosa perda, a de seu pai 'Anthony Perkins', ator de 'Psicose', vítima da Aids, em 12 de Setembro de 1992.

A 'XL Recordings', gravadora de 'Thom Yorke', 'Tapes 'n Tapes' e 'Raconteurs', promete para Fevereiro/2007 o lançamento de 'Ash Wednesday'.


Elvis Perkins - Ash Wednesday
Elvis Perkins - While You Were Sleeping
Elvis Perkins - Without Love


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'Barzin' é um músico Canadense que recentemente lançou seu segundo disco e contando, mais uma vez, com as colaborações de 'Suzanne Hancock' e 'Tony Dekker' (do lindo grupo 'Great Lake Swimmers'). O trabalho mantém o clima suave, melancólico, do primeiro, de 2003. Ares de 'Tindersticks' e 'Mojave 3'.


Barzin - Lets Go Driving
Barzin - Wont You Come

Enquanto 'Barzin' se encontra excursionando pela Europa, 'Tony' e sua banda 'Great Lake' participam dia 23/Novembro, no 'Glen Gould Studio', em Toronto, de um tributo aos 30 anos da tour de despedida, 'The Last Waltz', do grupo 'The Band'.

Great Lake Swimmers - Bodies and Minds


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'Antony', que esteve semana passada fazendo show em Portugal, concedeu uma entrevista a revista americana 'Soma', que o chamou de um dos 'talentos mais singulares e profundos da atualidade'. 'Antony' fala que tem ouvido muito o fado de 'Amália Rodrigues'; da importante geração 'inspiradora' (e companheiros de gravadora) com 'Coco Rosie', 'Devendra'; que assistiu ao 'Animal Collective' na Polônia e ficou encantado com tamanha energia e paixão; que chorou no show de 'Sufjan Stevens'... E que seu próximo álbum trará uma estrutura, das canções e dos temas, mais diferente dos dois anteriores. Aqui tem mais.


Spiralling (Com Devendra Banhart)
What Can I Do (Com Rufus Wainwright)



By the way, 'Rufus' fará mais três apresentações do lendário show de 'Judy Garland', em 1961, no 'Carnegie Hall'. 'Rufus', orquestra e o mesmo repertório estarão nos dias 18 e 25, 'Palladium' em Londres, e dia 22, 'Olympia' em Paris, Fevereiro/2007.


Old Whore's Diet (Com Antony)
Poses (Live on the Vicki Gabereau Show, 2001)
Memphis Skyline

sexta-feira, novembro 10, 2006

I've been searching...




"I'm not the one to tell this world
How to get along
I only know that peace will come
When all the hate is gone
I`ve been searching...for the dolphins in the sea
Sometimes I wonder do you ever think of me."
(Fred Neil - 'Dolphins')



Antes de 'Bob Dylan' receber o trono da cena Folk de 'New York', início dos anos 60, diga-se 'Greenwich Village', bairro em 'Manhattan', reduto de bares, clubes e artistas. Quando o 'Jazz' e o movimento 'Beat' cediam terreno para os cantores Folk em lugares como 'Café Flamenco', 'Café Bizarre', 'The Commons'... 'Café Wha?'... Havia um rapaz de seus 25 anos, com voz grave, forte, lembrando um 'Johny Cash' com 'Sinatra', tocando um violão de 12 cordas, chamado 'Fred Neil' que despontava no pedaço.

O próprio 'Dylan', em seu livro 'Crônicas', descreve bem o momento de sua chegada em 'NY', início de 1961, e o encontro com 'Fred':

"Quando cheguei, o inverno estava de matar. O 'Café Wha?' era um clube na 'MacDougal Street', no coração do 'Greenwich Village'. O lugar era uma caverna subterrânea, não servia bebida alcoólica, mal-iluminado, teto baixo, como um salão de jantar amplo com cadeiras e mesas - abria ao meio-dia, fechava às quatro da manhã. Alguém me disse para ir lá e procurar por um cantor chamado 'Freddy Neil', que comandava o show diurno do 'Wha?'. Encontrei o lugar e me disseram que 'Freddy' estava no porão, onde guardavam casacos e chapéus, e foi lá que o encontrei. 'Neil' era o mestre-de-cerimônias e maestro no comando de todos os artistas. Ele não poderia ter sido mais legal. Perguntou o que eu fazia, e eu respondi que cantava, tocava violão e harmônica. Ele pediu que eu tocasse alguma coisa. Cerca de um minuto depois, disse que eu podia tocar harmônica com ele durante seus números. Fiquei extasiado. Pelo menos era um lugar para sair do frio. Foi bom. 'Fred' tocava por cerca de vinte minutos e então apresentava todas as demais atrações, depois voltava para tocar sempre que ficava a fim, sempre que a casa estivesse lotada. 'Fred' tocava o quanto estivesse a fim, o quanto durasse a inspiração. Ele tinha fluência - vestido de um jeito conservador, emburrado e taciturno, com olhar enigmático, pele de pêssego, cabelo salpicado de cachos - e um barítono poderoso e irado que desferia notas tristes e as espatifava contra as vigas do teto com ou sem microfone. Era o imperador do lugar, tinha até o seu próprio harém, suas devotas. Ele era intocável. Tudo girava em torno dele. Anos depois, escreveu o sucesso "Every body's Talkin". Nunca toquei nada meu lá. Apenas acompanhei 'Neil' nas coisas dele, e foi como comecei a me apresentar regularmente em Nova York. 'Fred' sempre tentava dar espaço para a maioria dos artistas e era tão diplomático quanto possível. Às vezes a sala estava inexplicavelmente vazia, às vezes semivazia e então, de repente, sem nenhum motivo aparente, ficava inundada de pessoas, com filas do lado de fora. 'Fred' era o cara ali, a atração principal, e seu nome estava na marquise; desse modo, talvez um monte daquela gente fosse lá para vê-lo. Não sei. Ele tocava um violão bem grande, de um jeito impetuoso, com um monte de percussão, num ritmo penetrante - um homem-banda, uma cantoria que era um chute na cabeça. Fazia versões híbridas e ferozes de canções entoadas pelos prisioneiros nas penitenciárias e arrastava a platéia para o frenesi." ('Dylan')


Nascido em 'Ohio', mas criado em 'St. Petesburg', foi para 'New York' em 1957. Já no ano de 1961 o cantor 'Roy Orbison' grava uma de suas músicas, 'Candy Man' (lado B de 'Crying'); o mesmo fazendo 'Buddy Holly' com 'Come Back Baby'.

Seu primeiro trabalho foi em parceria com 'Vince Martin', e o disco 'Tear Down The Walls', em 64. Em 1965 lança, com as colaborações de 'John Sebastian' e 'Felix Papalardi', 'Bleecker & MacDougal', primeiro disco, realmente solo, que trazia, a primeira de algumas que seriam regravadas por inúmeros artistas, 'Other Side Of This Life' ('Jefferson Airplane' detém o título de versão insuperável (!?).

Em 1966 lança 'Fred Neil', segundo disco e mais conhecido como 'Everybody's Talkin'. Obra maior de um artista que tinha ciência do valor de suas composições, algumas delas profetizando a nova estrada que 'Neil' iria trilhar, como 'Dolphins' e a própria 'Everybody's' Talkin', que numa regravação brilhante do jovem 'Harry Nilsson', é trilha do filme 'Midnight Cowboy' em 69 e um sucesso fenomenal.

Sucesso esse que não parece interessar o enigmático 'Neil'. Em contra partida lança 'Sessions' em 67, um disco não tão acessivo, com explorações sonoras do blues à música indiana.

Em 1971 é a última aventura sonora de 'Fred', lançando 'Other Side Of This Life'. Parte do álbum é ao vivo e a outra com material não lançado, como o dueto para 'Ya Don't Miss Your Water', com o jovem 'Gram Parsons'.

"Everybody's talkin' at me
Can't hear a word they're sayin'
Only the echoes of my mind
People stoppin', starin'
I can't see their faces

Only the shadows of their eyes

Goin' where the sun keeps shinin'

In the pouring rain

Goin' where the weather suits my clothes

Banking off a northeast wind
Sailin' on a summer's breeze
Skipping over the ocean
Like a stone"
(Fred Neil - 'Everybody's Talkin')


'Fred' mostrou-se desinteressdo pelas entrevistas, tours e gravações e, seguindo a risca os dois dos maiores clássicos que escreveu, abandonou 'NY' e sua carreira para dedicar o resto de sua vida (conte-se 30 anos) a preservação dos Golfinhos, inclusive na criação do 'Projeto Dolphin'.

Muitos artistas tentaram gravar com 'Fred', o que ele sempre recusou. E nas raríssimas vezes que subiu aos palcos novamente, (em 75 com 'John Sebastian', 76 com 'Joni Mitchell' e 77 com 'Jackson Browne'), foi em eventos para a causa dos 'Golfinhos'. Inclusive todos os direitos da canção 'The Dolphins' (gravada por muitos e tendo as versões de 'Tim Buckley' - ao vivo/69 e em estúdio/73, definitivas...) foram doadas para a Organização.

'Fred Neil' morreu em 2001, aos 65 anos, causa natural.

Fred Neil -- Everybody's Talkin' (live)
Fred Neil -- Send Me Somebody To Love
Fred Neil -- DOLPHINS


Lembrar de 'Fred' é recordar uma de suas amigas, também cantora, como o faz 'Dylan' ainda em seu livro 'Crônicas':

"Minha cantora favorita do lugar era 'Karen Dalton'. Era uma intérprete de blues alta e magra, tocava violão e era esquisita, desengonçada e calorosa. Na verdade, eu já havia encontrado 'Karen' antes, topara com ela no verão anterior nos arredores de 'Denver', em uma cidade no desfiladeiro da montanha, em um clube de folk. 'Karen' tinha voz parecida com a de 'Billie Holiday', tocava violão como 'Jimmy Reed' e seguia em frente assim. Cantei com ela algumas vezes." (Dylan')

'Karen Dalton' (na foto ao lado de 'Dylan' e 'Fred Neil') veio, de 'Oklahoma', viver no bairro de 'Greenwich' no início dos anos 60 e se apresentava esporadicamente ao lado de seu marido 'Richard Tucker'. Sua voz peculiar, seu banjo e violão de 12 cordas chamava a atenção dos apreciadores do Folk.


Não foi uma compositora, mas sua maneira admirável de interpretar canções de 'John Sebastian, Paul Butterfield, Dino Valenti, Tim Hardin, Leadbelly', e o amigo 'Fred Neil', com um toque de blues, bem básico, rural, com uma atmosfera de Jazz, acrescentava (e diferenciava) um algo a mais ao seu estilo Folk. E que voz!!! Seu primeiro rebento, em 1969, o lindíssimo 'It's So Hard To Tell You Who's Going To Love You Best', foi promovido pela 'Capitol' como a resposta 'Folk' para 'Billie Holiday'. De certo é que a voz de 'Karen' lembra as vozes negras, entre 'Billie' e 'Nina Simone'. De certo é que, enquanto seu banjo e violão tendem para o 'Folk', sua voz escorre para o blues. Seu debut é poderoso, mesmo parecendo um ensaio (a maioria das gravções são do primeiro 'take') e não contar com nenhum aparato de estúdio.

O segundo trabalho de 'Karen', 'In My Own Time' gravado em 6 meses entre 70/71, mais elaborado e produzido, já mostrava a cantora enveredando pelo 'Soul' e 'Country'. Abrindo lindamente com 'Somethings On Your Mind' de 'Dino Valente', traz ainda uma versão para a clássica 'When A Man Loves A Woman' e a música que inpirou 'Nick Cave' a compor 'When I First Came To Town', do álbum 'Henry's Dream', 'Katie Cruel'. (O grupo 'The Band' já havia escrito uma canção para 'Karen', gravada no disco 'Basement Tapes', 'Katie's Been Gone').

Avessa a shows e estúdios, 'In My Own Time' foi o último brado da artista. Álbum esse que ganhou no início de Novembro sua versão em CD pelo selo, de nome mais propício, 'Light In The Attic' (Luz no Sótão).

"Karen Dalton" descobriu o álcool e as drogas desde cedo e sua total dependência não a permitiu lançar mais do que dois álbuns. Afastada do meio musical desde 1972, sucumbida em depressões, morreu por problemas relacionados a Aids, em 1993.

Entre nativos e adotados; 'Dylan', Joan Baez', 'Simon & Garfunkel', 'Tim Buckley', 'Richie Havens', 'Tim Hardim', a cena Folk de 'Greenwich' dos anos 60 ainda guarda nomes ocultos: 'Judy Henske', 'Dino Valente', e outros que foram além de qualquer cena, como a deusa 'Odetta', aquela que inspirou 'Joan', 'Joplin' e fez até 'Dylan' trocar guitarra por violão lá no início de tudo... Mas isso deixa pra outro dia. Melhor ouvir a 'Sweet Mother K.D.':

Karen Dalton - Katie Cruel

quarta-feira, novembro 01, 2006

Feriado !!!


Pixies – Holiday Song

The Shins - Holiday Song

Tim Festival !!!




(fotos UOL)

THE END