quinta-feira, setembro 28, 2006

Wings Over America - 1976

30 Anos da maior turnê do 'Wings'.



Era uma vez...



Em 1971, após dois álbuns lançados, 'McCartney'/70 e 'Ram'/71, "Paul McCartney" recruta o guitarrista/vocalista 'Denny Laine' e o batera 'Denny Seiwell', mais 'Linda', e gravam 'Wild Life', o primeiro com o nome "Wings". Segundo 'Paul', nome esse surgido em um momento de oração quando 'Linda' estava no hospital para ter seu segundo filho e havia complicações no parto.

Lançado o disco 'Red Rose Speedway' em Abril/73 e após fazer alguns shows pel
a Europa, 'Paul' vê dois membros do 'Wings' se debandarem sem nem sentir o gosto do sucesso, o batera 'Denny Seiwell' e o guitarrista 'Henry McCullough', que vinha da banda de 'Joe Cocker', e que entrara a pedido de 'Paul'. O single 'Hi Hi Hi', banido das rádios por 'alusão' as drogas, chegava ao 3º lugar e 'My Love', com um dos solos de guitarra, feito pelo 'Henry', mais tocantes do Rock, chegando ao 1º e vendendo 2 milhões de cópias. 1º Hit realmente creditado ao grupo 'Wings'.

Como trio, 'Paul, Linda & Denny Laine' partem para 'Lagos/Nigéria', atrás de novos
ares para gravar um novo álbum. Novos ares mesmo; o estúdio da EMI ainda estava em construção e o período no país era de tempestades tropicais. Gravado em Setembro e lançado em Dezembro/73, 'Band On The Run' é o trabalho mais celebrado de 'Paul'. Um discão!



Fase 'Jimmy' - Tour mundial



Em 1974 'Paul' não lançou nada. Pra não passar o ano só de elogios pelo 'Band on the run', recruta um novo guitarrista 'Jimmy McCulloch' e um batera 'Geoff Brit
ton' (que fica pouco tempo por desavenças com 'Jimmy' e seus 'excessos'), e juntos gravam algumas faixas em 'Nashville'. Mas com uma idéia de fazer uma tour mundial, decide gravar um trabalho voltado mais para as performances de palco, e conclui as gravações em 'New Orleans' e 'Los Angeles'. Já com 'Joe English' na batera, sai em Abril/75 'Venus And Mars', outro discaço a chegar aos primeiros lugares na Inglaterra e States.
E se a proposta era fazer um álbum para os palcos, conseguiu. 'Venus' consegue ser realmente um álbum de um grupo, o 4º do 'Wings'. 'Paul' absorveu bem os ares de 'New Orleans' e inseriu algumas passagens levemente jazzísticas como em 'You Gave Me The Answer' ou ainda em 'Listen To What The Man Said'. São pra demolir estádios, 'Rockshow', 'Magneto And Titanium Man' e tantas outras. Pela primeira vez, também, 'Paul' deixava outros membros assumirem os vocais: 'Denny Laine' canta 'Spirits Of Ancient Egypt' e 'Jimmy McCulloch' canta uma composição sua, a forte 'Medicine Jar'.

Assim, em 1975 o 'Wings' faz uma curta temporada na Inglaterra e Austrália e 'Paul' sai de férias para o 'Hawaii' onde compõe novas canções. Prestes a fazer sua primeira tour mundial ele abraça ainda mais a idéia de grupo e entre Janeiro e Fevereiro/76, g
rava em 'Abbey Road', 'Wings At The Speed On Sound', com todos os membros cantando pelo menos uma canção. 'Denny' canta uma triste canção de 'Paul', 'Note You Never Wrote', com um belo solo de 'Jimmy' e uma composição própria 'Time To Hide', um dos triunfos do álbum. 'Jimmy', canta outra composição sua (assim como 'Medicine Jar', também referente as drogas, co-autoria com 'Colin Allen' um ex-membro de sua banda 'Stone The Crows'), 'Wino Junko'. Até o baterista 'Joe' soltou a voz em 'Must Do Something About it Is'... E 'Paul'? Bom, é desse álbum a poderosa 'Beware My Love' e a lindamente dançante 'Silly Love Songs'.

Nesse período, morre 'Jim McCartney'. O Pai.



Rockshow




64 Concertos. 10 Países. 2 milhões de espectadores.


No final do ano de 1975 foi a vez da Inglaterra e Austrália (que vira 'Paul', ainda como um 'Beatle', uma década atrás). Início de 76, Europa. Entre Maio e Junho, 'Wings Over
America'.

A maioria do repertório era composto dos últimos 3 álbuns de estúdio, mais algumas dos 'Beatles', e com 'Denny' trazendo à tona uma do tempo que tocou com seu grupo 'The Moody Blues', 'Go Now', e uma versão para 'Richard Cory', da dupla 'Simon & Garfunkel'.

A Tour americana foi um tremendo sucesso. Assim como na Austrália,
'Paul' não fazia tour nos 'States' desde a época dos 'Beatles', e então com 34 anos de idade, via outra vez um grupo seu chegar ao topo da fama, e, na época, vender mais do que os 4 Fab.

Bem, dessa forma, e... podendo, o 'jovem Macca' arregaça com um triplo, 'Wings Over America', um dos melhores registros ao vivo de uma banda de Rock, lançado em Dezembro/76, dois meses depois do término da turnê em três shows 'sold out' em 'Wembley', Inglaterra.



Desenlace



No ano de 1977, antes de viajar para o Caribe, 'Paul' produz um álbum solo de 'Denny Laine',
'Holly Days' e grava um de seus trabalhos mais obscuros, 'Thrillington', uma regravação instrumental de seu álbum 'Ram'/71. No Caribe um estúdio foi montado em um dos 3 iates que abrigava banda 'Wings' e família 'McCartney'. Mas em Setembro/77, 'Jimmy McCulloch' decide deixar o 'Wings', assim como o batera 'Joe English'. O disco 'London Town', lançado em 78, contém 14 canções, das quais 9 os ex-membros ainda participam. 'London' vem com um lado folk mais presente e com 'Paul' explorando mais os teclados.

'Paul' logo arranjou dois novos substitutos, o guitarrista 'Laurence Juber', que já trabalhara com 'Shirley Bassey' e o baterista 'Steve Holly', que participara da banda de 'Elton John'. E saindo da linha folk do último álbum, lançam em Junho/79, um disco mais Rock, com o sugestivo título 'Back To The Egg' e contendo a famosa 'Rockestra Theme', com uma pá de feras, tipo 'Pete Townshend', 'Bonzo' e 'Jones' do 'Led', 'David Gilmour'...
Em Novembro/79 'Paul' faz uma mini tour na Inglaterra e participa do concerto 'Kampuchea'.

Em Janeiro de 1980, o 'Wings' viaja para o Japão para dar início a mais uma grande tour, só que ninguém podia imaginar que a Polícia Japonesa iria encontrar
uma boa quantidade de 'Marijuana' na bagagem. 'Paul' assume toda a culpa e fica preso por longos 10 dias enquanto membros e equipe retornam para casa.

Com o ocorrido, 'Denny Laine' vai para Paris e grava com ajuda de outros dois ex-membros do 'Wings', 'Denny Seiwell' e 'Jimmy McCulloch', o álbum 'Japanese Tears', despercebido pelo público.

'Denny Laine' foi o maior parceiro musical de 'Paul' nos anos 70. Juntos gravaram 9 discos, entre 71 a 79, e quando havia um outro guitarrista para dividir as tarefas no 'Wings', era justamente com o talentoso 'Jimmy McCulloch' que a mágica se fazia presente, na formação clássica do 'Wings' 74/77.


Em Abril de 1981, 'Paul' anuncia o fim da banda.


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Tudo em seu tempo. 'Paul' bem que poderia, um dia desse, reunir alguns remanescentes e fazer uma brincadeira com o 'Wings'. O documentário lançado em 2001, 'Wingspan', já não tem a mesma visão de grupo que ele tanto buscou para realizar 'Wings Over America'. Ficou a desejar.


E pra encerrar, 'Jimmy McCulloch'... quem me fez estes dias reouvir mais intensamente a obra do 'Wings'.


'Jimmy' havia começado sua carreira tocando uma curta temporada com a 'John Mayall
Band', em 71, então com 18 anos e já era visto como uma promessa da guitarra. Em 72 entrou para o grupo da 'Maggie Bell', 'Stone The Crows', substituindo o jovem 'Les Harvey' (sim, irmão de 'Alex Harvey') morto eletrocutado no palco.

Depois foi a fase com o 'Wings' até sua saída em Setembro/77 para entrar no 'Small Faces', ficando só um breve período. O último grupo que participou foi 'The Dukes'.


Em 27 de Setembro de 1979, 'Jimmy', aos 26 anos, foi encontrado morto de 'over'.


Now Don't Give Up

Whatever You Do
You Say Time Will Tell

I Hope That's True
If You Go Down And Lose Your Head
I Say, I Know How You Feel
Now Your Friends Are Dead.
('Medicine Jar' - 'Jimmy')


Aqui
um Blog dedicado a 'Bootlegs' dos 'Beatles' & Cia. Dessa fase com o 'Wings' vale 'One Hand Clapping', um projeto de 1974, quando o grupo não lançou nada e 'London Town Roughs & Demos', de 78.



Monkberry Moon Delight/71
Live and Let Die /73
Paul McCartney - Lovely Linda/70

quarta-feira, setembro 27, 2006

...'A Piano: The Collection'. Caixa contendo 5 cds com os grandes clássicos, B-sides, raridades, covers, remixes, de 'Tori Amos', foi lançada ontem, dia 26. Das 86 faixas que contém a caixa, sete músicas são inéditas. Há ainda um livreto com comentários das faixas escrito pela própria cantora. 'Tori' não é artista de compor trabalhos de fácil digestão, ainda que a estrutura pop de algumas de suas canções aponte o contrário; até suas versões para músicas dos outros ganham novos contextos, vide o álbum de 2001, 'Strange Little Girl', que se demora um bocado para descobrir que aquela versão é para 'Lennon' e aquela outra é para 'Slayer'. Tô mentindo?

Losing My Religion(R.E.M. cover)
Running to Stand Still (U2 cover)
Purple Rain(Prince cover)
Smells Like Teen Spirit (Nirvana cover)



...De 1993 pra cá ele já gravou uns 15 discos. Uns 2 com nome de 'Palace Brothers'; uns 2 como 'Palace Music'; um só como 'Palace'; uns 2 como 'Will Oldham' e vários como "Bonnie Prince Billy" que coloca mais um na roda, 'The Letting Go', melancólico que só vendo, inda por cima gravado nas terras geladas da Islândia. Cruel desde o início com a linda 'Loves Comes To Me', 'Bonnie' conta com a voz suave de 'Dawn McCarthy' em todas as canções; canções que trazem arranjos com quarteto de cordas; que transitam pelo blues, pelo folk; que falam dos pesares e de temas já bem abordados pelo músico em discos como 'I See A Darkness' (99), e em parceria, no caso de 'Superwolf' (05), com 'Matt Sweeney'. 'The Letting Go', pode-se dizer, fica na cola desses dois. Bom de cabo a rabo.

"Love Comes To Me"
"Cursed Sleep"



...Já que o momento é de comemoração aos 15 anos do lançamento do álbum 'Nevermind' do 'Nirvana', e o 'grunge' anda mais em voga, com o lançamento em DVD, 'Live! Tonight! Sold Out!', (94) dos mesmos; os shows do 'Alice In Chains'; especiais em rádios e tvs; vai aqui uma homenagem a voz mais potente do movimento, 'Chris Cornell' que fez parte do 'Soundgarden' (e tinha um pé no Heavy) e hoje está no Audioslave.
Aqui no 'Stripped Music', tem uma performance de 'Chris', em versões acústicas, áudio e vídeo.


Like A Stone (Audioslave)
Black Hole Sun (Soundgarden)
Redemption Song (Bob Marley)

domingo, setembro 24, 2006


...Dia 03/Outubro 'Colin Meloy' e sua turma lança mais um álbum. O novo do 'Decemberists' chama-se 'The Crane Wife' e é baseado num conto trágico japonês. São 10 canções de umas 20 que o grupo havia gravado. Confesso que o trabalho me chamou mais atenção e gostei da investida prog na longa faixa de 12 minutos 'The Island' com um clima bem 'Jethro Tull'. Mas a batida Pop, os violões e a voz nasalada de 'Colin', continuam presente em todo o álbum.
Aqui, ao vivo no KCRW, 25 de Setembro, duas desse novo disco:

The Island
Crane Wife 1 & 2



...O prolífico 'Tom Waits' lança mais um trabalho em três décadas de intensa atividade. Se não bastasse, agora é a vez do álbum triplo 'Orphans - Brawlers, Bawlers and Bastards', contendo 54 canções e um livrinho de quase 100 páginas. Cada álbum tem uma cara, 'Brawlers' é mais blues, 'Bawlers' tem mais country, baladas e em 'Bastards' fica as faixas mais experimentais e as esquisitices de 'Tom'. Muitas das faixas foram feitas para trilha de cinema, colaborações com artistas de teatro e da literatura, mas pelo menos 30 são inéditas. Há ainda interpretações particularíssimas de artistas diversos com 'Ramones, Leadbelly, Sparklehorse, Charles Bukowski e Jack Kerouac'. O triplo 'Orphans' será lançado dia 21 de Novembro.

Bottom Of The World



...Talvez seu álbum mais forte dos últimos anos, diz a revista 'Q'. Assim o lendário músico inglês de Folk Music 'Bert Jansch' lançou dia 18 de Setembro o álbum 'The Black Swan', com produção de 'Noah Georgeson' (Joanna NewsomMilk-Eyed Mender, Devendra BanhartCripple Crow) e participações especias de 'Beth Orton' e de 'Devendra Banhart'. 'Bert' é um 'Hendrix' para o violão. Em seu 'Myspace' pode-se conferir algumas preciosidades que inspirou meio mundo de gente, de 'Nick Drake' a 'Jimmy Page' (que nunca lhe atribuiu os devidos créditos para a canção do 'Led', 'Black Mountain Side', cópia de 'Black Water Side'):

The Black Swan
Black Water Side



...O nome do grupo é comprido, "The Prayers And Tears Of Arthur Digby Sellers", mas, basicamente de um homem só, 'Perry Wright'. Com 2 álbuns já gravados, 'Parry' coloca em sua página (como já fizera antes), um EP para download contendo 5 faixas com raridades e B-Sides, inclusive uma música de 2001 chamada 'Jeff Buckley Moves To Memphis'.

Jeff Buckley Moves to Memphis (2001 Demo)
Concerning the End of the World

Mas impagável mesmo é esta versão para 'Michael Jackson':

billie jean (drunken bombast one take)


...Pôxa, como ouvi essa música, como eu adorava esses gritos, gemidos e sussurros! 20 anos do primeiro single do 'Sugarcubes', o primeiro grande nome da música islandesa e o surgimento de um dos nomes mais importantes da música pop, 'Bjork'. Parece que foi ontem, mas a música 'Birthday' tá de aniversário e será comemorado com uma única apresentação do grupo em 14 anos, dia 17 de Novembro. (Feliz 'Birthday' também para um amigo baiano e músico, 'Renato')

Birthday
Birthday (versão em islandês)

Curtas

...Descoberto por 'Peter Gabriel' dez anos atrás, o Norte-americano 'Joseph Arthur' lançou seu 5º álbum, 'Nuclear Daydream' esta semana.

Black Lexus
Enough To Get Away

After the Gold Rush (Neil Young)



...Essa menina sempre surpreende. Aqui tem um show da 'Cat Power' gravado dia 12 de Setembro, da tour do belo 'The Greatest', em que ela apresenta uma linda versão para um clássico do repertório da 'Nina Simone' e também para um do 'Animals'.

Wild Is The Wind
House Of The Rising Sun



...Como um garoto Norte-americano, recém saído da escola, de apenas 19 anos, conseguiu gravar um álbum tão desemelhante, tão particular, quanto 'Gulag Orkestar'? Em plena época de fronteiras ainda mais cerradas, 'Zach Condon' (foto) consegue olhar exatamente além, e aí o diferencial. Se é 'Indie Rock' as guitarras foram substituídas por bandolins, violoncelos, trompas, acordeon, tambores... (ao vivo ele precisa de 10 músicos para reproduzir o disco). Se não bastasse, o nome que ele deu ao projeto foi 'Beirut'. Ora alegre, ora melancólico, às vezes parecendo música cigana, música do leste europeu, outras parecendo que o 'David Byrne' está em frente a uma estação de metrô tocando uma dúzia de instrumentos ao mesmo tempo. Vale!
Ah, vale tanto que o famoso selo '4AD' já recrutou o grupo para distribuir o disco fora dos 'States'.

Postcards From Italy
Mount Wroclai (Idle Days)



...'Denison Witmer' é um americano da Filadélfia que já tem 7 discos, sendo o último, 'Are You A Dreamer?', do ano passado, ponto alto de sua carreira. Sua gravadora 'Sueca' relança agora o primeiro disco do artista de 1998, 'Safe Away', em um cd duplo contendo ainda o EP 'Are You A Sleeper', mais umas faixas 'live' e bônus. O 'Denison' também tem um lindo trabalho de 'covers', lançado em 2003, 'Recovered', cantando 'Grahan Nash', 'Big Star', 'Leonard Cohen' e outras figuras que o influenciou.

Breathe In this Life
Postcard Song

Love In Mind (Neil Young)



...Rolando no 'you tube' uma cover que o grupo 'Of Montreal' fez para 'Bat Macumba' dos 'Mutantes', recentemente em seu show.



...O Norte-americano 'Sufjan Stevens' (de asas na foto) continua excursionando pelos 'States' até o início de Outubro quando parte para a Europa. Depois deve lançar o tão aguardado 'Songs For Christmas Box'.

That Was The Worst Christmas Ever



...E pra encerrar, duas pérolas regravadas pela 'Madeleine Peiroux' em seu mais novo trabalho.

Everybody’s Talkin’ (Fred Neil)
Smile (Chaplin)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Sound And Vision Tour 1990

Hoje, dia 20 de Setembro, está fazendo 16 anos que 'David Bowie' fez seu primeiro show no Brasil. Uma semana de Setembro de 1990 que se respirou muito 'Bowie' no país, fosse nas revistas, jornais, tv, rádio. Seus discos estavam sendo, caprichosamente, relançados e para muitos era a primeira oportunidade de tomar conhecimento com algumas das obras mais antigas do camaleão, 'Ziggy Stardust', 'Diamond Dogs', 'Alladin Sane', 'Hunky Dory', ou o 'Space Oddity'. Era a 'Sound And Vision Tour', a turnê que o 'Bowie' jurou que cantaria pela última vez os seus clássicos, 'Changes', 'Ziggy'...
'Bowie' fez a turnê com parte da banda do guitarrista 'Adrian Belew' e fez 4 apresentações no Brasil, a primeira dia 20 de Setembro, no Rio de Janeiro e as outras em São Paulo, com algumas alterações no repertório, no Rio, eles tocaram a 'famigerada' 'Station To Station', trocando-a por 'Starman' em Sampa.

Além do show - que tenho em mim guardado todos os seus detalhes; tenho as melhores lembranças desse dia. Dos amigos que foram comigo ao show, após uma viagem de quase 50 horas de ônibus, e que não fazem mais parte do meu convívio. De meu querido 'Wellington Lemay'(foto), pintor, bailarino, ator,também fã de 'Bowie', e que nos recebeu tão bem em seu apartamento e que, infelizmente, partiu dessa cinco anos depois. Da farra dos dias passados na 'City Wonderful'. Da visita ao túmulo (ainda em construção) do 'Cazuza', falecido pouco menos de três meses...

Já que o assunto é 'lembrança':

'Do you remember a guy that's been
In such an early song

I've heard a rumour from Ground Control
Oh no, don't say it's true'
( Você se lembra de um cara que esteve
Em uma música muito antiga

Ouvi um rumor da cabine de comando
Oh, não, não fale que é verdade) - Ashes To Ashes



Existem discos que a gente escuta tanto por essa vida de meu Deus que passa a ser trilha sonora de nossas vidas e a gente até 'num' se atenta mais de nomeá-los como Clássicos, obras primorosas... 'Num' vou nem começar a citar.



Mas o danado é quando se tem um artista do nível de um 'David Bowie' e o quanto ele conseguiu produzir de coisas admiráveis, e o mais interessante, todas trazendo uma novidade sonora, estilística, muitas das vezes antecipando tendências que seriam adotadas anos depois. Ele sim pode encarnar realmente a palavra 'Vanguarda'. Também 'Num' vou nem mexer com as outras áreas passeadas por 'Bowie', seja a pintura, o cinema, o teatro (sim, há exatos 26 anos o 'camaleônico' debutava na 'Broadway' no papel do 'Homem Elefante'). Vamos ficar só com a música, e nem quero adentrar nos inúmeros instrumentos que toca, nas qualidades de estúdio que domina, nem nos amigos que fez por esses anos...

Quero apenas ressaltar dois trabalhos que os tenho como essas trilhas da vida: 'SPACE ODDITY' e 'HUNKY DORY'.


'Space Oddity' foi o segundo disco de 'Bowie', lançado em 1969 e teve um estrondoso sucesso que era a faixa título, e que virou Hit na Inglaterra após ser usada como trilha para tv nas imagens da chegada do homem à lua. O estilo beira o folk psicodélico da época, de uma sonoridade 'Donovan' a um 'Mark Bolan', deixando de lado o folk mais puro do seu debut em 67. Aqui, 'Bowie' dá pinta do estilo 'Glam' que o tornaria mania no Reino Unido com 'Ziggy' três anos depois, principalmente com a bela 'Unwashed And Somewhat Slightly Dazed'. Mas a gema fica mesmo com 'Cygnet Committee', uma espécie de 'Bolero' de 'Ravel' em que o cantor vai crescendo em meio a um longo solo nos quase 10 minutos de faixa. E não se passa incólume após ouvir as delicadas 'Letter To Hermione' e 'An Occasional Dream'. A produção foi a primeira de muitas do baixista 'Tony Visconti' e contou com a participação de três músicos nos violões/guitarras, 'Tim Renwick', 'Mick Wayne' e o encantador 'Keith Christmas'.

Sendo agora 'Bowie' um forte aspirante a ser um sucesso do pop inglês, com a permanência definitiva do guitarrista 'Mick Ronson', tornando-se uma das duplas mais fulminantes em palco nos próximos 3 anos, a possibilidade concreta de ser um 'superstar' ficou adiada por um disco. 'Bowie' se veste de mulher, e coloca a foto na capa de seu 3º álbum (o início de inúmeras provocações que ele faria), 'The Man Who Sold The World', completamente pesado, bem ao estilo do Hard-Heavy feito pelos grupos da época, assustando a todos com a nova faceta.

Em 1971 é a vez do álbum 'Hunky Dory' e o início das grandes canções pop, começando logo com a sofisticada 'Changes', clássico eterno e impensável não estar no set list. 'Oh! You Pretty Things', 'Eight Line Poems', que dizer?!... 'Life On Mars', linda como ela só, indica que 'As Aranhas de Marte' estão para vir ('Spiders From Mars' seria a nova encarnação do grupo um ano depois com o antológico 'Ziggy Stardust'); mas aqui 'Ronson' diminue o peso da mão na sua guitarra e o que se ouve é um conjunto de baladas, de canções com belos arranjos de cordas e um piano a cargo do mago 'Rick Wakeman' lindamente margeiando todo o álbum. Há ainda três tributos 'Andy Warhol', 'Song For Bob Dylan' e 'Queen Bitch', dedicada ao 'Velvet Underground'. Ah, só não vou falar que 'Quiksand' e 'The Bewlay Brothers' são minhas eternas preferidas.

'Space' e 'Hunky' guardam os últimos grandes momentos da fase Folk de 'Bowie' que depois iria 'autopsiar' o Rock e gravar meio mundo de preciosidades.

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Apesar de ter escrito além da conta, preciso contar mais uma histórinha que complementa o assunto 'Space/Hunky'.

No álbum 'Space oddity', 'Bowie' trabalhou com tres guitarristas, um deles 'Keith Christmas', que o considerava um de seus cantores favoritos. 'Keith' já havia lançado um álbum em 69, 'Stimulus', quando aceitou o convite de 'Bowie' para as gravações de 'Space'. Concluída a missão, lançou em 1971 seu 2º solo e aquele que é considerado seu melhor momento, 'Fable Of The Wings', com arranjos variados , um piano jazzístico na abertura, passagens melancólicas no violão-orgão, se sobressaindo da maioria dos artistas da cena Folk da época. No ano seguinte lançou outro belo álbum, 'Pigmy', mais iluminado, com arranjos de cordas de 'Robert Kirby' e participação de 'Ray Warleigh' no sax (ambos trabalharam com 'Nick Drake' nas sessões do álbum 'Bryter Layter').


'Keith Christmas' foi substituído pelo espetacular 'Mick Ronson', que gravaria 5 álbuns com 'David Bowie', o primeiro 'Hunky Dory'. Mas antes, 'Mick Ronson' participou de outro discaço do Folk inglês, o segundo álbum de 'Michael Chapman', 'Fully Qualified Survivor', de 1970, que foi uma chacoalhada nos tradicionalistas, com arranjos de cordas melancólicos , toques de jazz e uma guitarra poderosa a cargo de 'Mr. Ronson', principalmente em duas músicas 'Stranger In The Moon' e 'Sourful Lady', deixando-as com ares de 'Cream'. O DJ 'John Peel' considerava esse disco o melhor lançado em 1970.

Well... fim da odisséia.

terça-feira, setembro 19, 2006

'Ao (s) Vivo (s)'

'É muito mais difícil mudar o arranjo habitual de uma canção que criar um arranjo novo'... E assim "Lenine" lança seu 'Acústico MTV' , o segundo e consecutivo álbum ao vivo. Mas sem comparações. O 'In Cité', gravado em Paris, 2004, era composto de material inédito. Agora o Pernambucano festeja os 25 anos de carreira e passeia deliciosamente por seus grandes sucessos ('Hoje Eu Quero Sair Só', 'Jack Soul Brasileiro'), e até algumas nem sempre lembradas em shows ('Lá e Cá'). A linda 'Paciência', também raramente tocada, conta com a harpa de 'Cristina Braga' e arranjos de cordas do sobrinho do mago 'Rogério Drupat', 'Ruriá Drupat' (cordas e metais no álbum).

Como no show do 'Cité', aqui ele divide o palco com convidados: 'Julieta Venegas', do México; o camaronês 'Richard Boná' tocando fundo em 'A Medida Da Paixão' e até o ex-batera do 'Sepultura', 'Igor Cavalera' dobrando a bateria em 'Dois Olhos Negros'. O show foi gravado em Junho, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

'Lenine' que concluiu recentemente uma peça de 50 minutos, instrumental, para o próximo balé do grupo 'Corpo', chamado 'Violenta', a ser encenado em 2007, se apresenta dia 22/Setembro em Curitiba e após as eleições 'obrigatórias' do Brasil, inicia uma turnê nacional. Ah, em Novembro o 'Acústico MTV' sai também em DVD ampliando o repertório com mais cinco canções.

Como diz o próprio: “É música e ponto. Contemporâneo e ponto”.


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Seis anos após o belo 'Acertei No Milênio' minha Querida (no melhor sentido da palavra!) "Ângêla Rô Rô" volta aos discos com 'Compasso', seu 10º trabalho, só com composições próprias e inéditas. Dessa vez, deixa mais de lado a veia 'samba' do último para mesclar estilos como sempre fizera em seus trabalhos anteriores, Rock, Reggae, Blues, Samba...
Vida salutar, 'Ângela' diz que deixou as drogas e o álcool para trás e prova isso na gravação de seu primeiro DVD, amanhã, 20 de Setembro, no Circo Voador, Rio de Janeiro, com as participações de 'Frejat, 'Luiz Melodia' e 'Alcione'. No 'set list', grandes sucessos como, 'Amor Meu Grande Amor', 'Simples Carinho', 'Só Nos Resta Viver' e 'Fogueira', que diz ter demorado cerca de 5 minutos para compô-la, e que só demorou esse tempão todo, porque tinha que deixar o violão de lado para trocar de papel pois molhou três vezes a letra de tanto chorar.
Poucos discos de estréia de um compositor de MPB são tão tocantes, tão arrebatadores... quanto o debut de 'Angela Rô Rô', em 1979 (foto). Aliás, uma obra que ainda não teve um relançamento, e reconhecimento a altura da grande artista que ela é.


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Hoje sai lá nos Estados Unidos um ao vivo da 'Gal Costa' de uma temporada na famosa casa 'Blue Note', gravado em 19/Maio deste ano, 'Live At The Blue Note', com repertório predominante de 'Tom Jobim' e uma música pela primeira vez interpretada por ela, 'I Fall In Love Too Easily', antes gravada por 'Sinatra', 'Sarah Vaughan' e 'Chet Baker', de quem agora a cantora se debruça sobre seu repertório para gravar o próximo álbum. Hum...

E por aqui, enquanto o 'Live' não aparece. a gravadora 'Trama' promete soltar uma caixa de DVDs, contendo os dois episódios do programa Do Tropicalismo aos Dias de Hoje - especial produzido pelo canal DirecTV - e, em outro DVD, o registro integral do show Hoje, gravado em maio, em São Paulo.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Jackson ?!

...Comenta-se que 'ele é o mais famoso cantor de Folk Music que ninguém ouviu falar'. Ara, nem tanto assim. 'Cohen', 'Tim Buckley', 'Lou Reed', 'Nick Cave', 'Counting Crows', todos beberam da fonte de "Jackson C. Frank". Antes mesmo, uma contemporânea já havia cantado e gravado músicas suas, 'Sandy Denny'. Antes mesmo, o tocante violão, a linda voz e a melancolia das composições de 'Jackson' influenciaram profundamente o músico 'Nick Drake', que em suas gravações caseiras em 'Tamworth-In-Arden' (66/67), e nos poucos espetáculos que executou, tocava 'Here Comes The Blues', 'Milk & Honey' e 'Blues Run The Game', certamente sua peça mais reverenciada. Até os inspiradores 'John Renbourn' e 'Bert Jansch' também gravara suas cançoes. 'Sandy Denny', que o conhecera quando estava prestes a fazer parte do seminal 'Fairport Convention' e lhe mostrava, embora toda insegura, os futuros clássicos 'Who Knows Where the Time Goes' e 'Fotheringay', que ainda estava compondo, escreveu uma canção para 'Jackson' assim como também o fez 'Roy Harper'.

Mas 'Jackson C. Frank' é daqueles artistas que veio para compor uma única, definitiva e inspiradora obra.
E assim, em 1965, aos 22 anos, e em apenas três horas de estúdio, gravou o disco 'Blues Run The Game', tornando-se de imediato um sucesso na Inglaterra e na Escócia.

O álbum teve a produção 'caseira' do conterrâneo Nova Iorquino, 'Paul Simon' que estava a passar um tempo respirando os ares do Folk Britânico, fazendo shows, lançando seu 1º solo 'Songbook' e fazendo amigos como a citada 'Sandy' e o cantor 'Al Stewart'.
É justamente de um comentário de 'Al' - que participara numa faixa -, anos depois, que dá pra sentir a atmosfera da gravação do disco de 'Jackson'. Diz ele que 'foi a sessão mais estranha em que participou. E que quando 'Paul Simon' dizia 'Ok' para 'Jackson', um silêncio de 2 a 3 minutos se instalava no estúdio, com ele parado, como se buscasse a canção dentro de si. E depois seu belo violão e uma comovente voz emergiam'.

Só que... 'Jackson' trazia um pesado trauma de infância, quando houve um incêndio em sua escola matando 18 colegas e deixando-o por meses num hospital (advindo daí o aprendizado do violão). Esse trauma, transformado em esquizofrenia e em inúmeras crises depressivas, o acompanhou pro resto da vida.

Após uma fase de shows em vários clubes de Londres, alguns na companhia de 'Paul Simon', e um relativo período de sucesso, 'Jackson' vê seu disco passar despercebido na América, donde resolve retornar em 1969 e morar nas redondezas de 'Woodstock', ficando por lá até a tragédia de perder um filho, o casamento e ser internado para tratamento.

70 foi uma década perdida, salvo algumas demos confeccionadas para a posteridade.

Em 1984 decide ir para New York em busca de 'Simon', no afã de retomar sua carreira. Mas ficou perambulando pelas ruas, vivendo entre esmolas e internações. Até que... um carinha chamado 'Jim Abbott', passeando por uma lojinha em 'Woodstock', encontra um disco de 'Al Stewart', 'The Year Of The Cat', com uma dedicatória na capa: 'Regards to Jackson. The blues run the game. Al'. Intrigado, ele ouviu do dono da loja que o disco pertencera a uma figura 'da rua'.
Passado um certo tempo, 'Abbott' falou para um amigo que se interessava por Folk Music se ele ouvira falar de 'Jackson C. Frank'. Aí foi o suficiente. Os dois conseguiram encontrar o dito cujo, tirá-lo das ruas e levá-lo para morar em 'Woodstock', não antes de ocorrer mais uma tragédia na vida de 'Jackson'. Atingido por um tiro vindo do 'nada', ficou cego do olho esquerdo. (Êta!).

'Jackson' ainda escreveu algumas canções e voltou lentamente a cantar e tocar violão. Até gravou algumas demos. Mas em Março de 1999, aos 55 anos, resolveu cerrar as cortinas.

Aqui uma das poucas e últimas entrevistas da figura. O Blog 'Dois Discos' lembra a homenagem na semelhança da capa do disco 'The Boatman's Call', um dos mais lindos de 'Nick Cave', com a do 'Blues Run The Game', de 'Jackson'.
Surrupiadas do 'LaBlog', algumas faixas:

Blues run the game
Milk and Honey
Here comes the blues

Nick Drake - Blues run the game

E no recém surgido Blog 'Grown so ugly' é possível fazer o Download do álbum.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Old Friends




'Hello darkness, my old friend,
Ive come to talk with you again,

Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence'

...T
udo começou com um 'Bootleg' da dupla Norte-Americana 'Simon & Garfunkel', gravado em 'Amsterdan', Maio de 1970, garimpado esses dias 'by me'. Pronto. Uma semana de 'Revival', completamente entregue ao lindo violão de 'Simon' e suas composições 'pueris'. Mergulhado na angelical voz(es!) de 'Art'; na poeira levantada de canções eternamente lembradas.
Cutucando um pouco mais esbarrei naquele registro antológico, que por ciência está comemorando 25 anos, o Ao Vivo no Central Park, em 1981, com um público beirando meio milhão de pessoas. Vinil e VHS. ('Vixe', o vídeo cassete estava chegando ao Brasil; as revistas de música que existiam eram apenas as saudosas 'Somtrês', 'Roll' e 'Metal' e para se conseguir um disco recém lançado por aqui só muita prece ou muito dinheiro).

'Simon & Garfunkel' , nesse 19 de Setembro de 1981, protagonizava um dos maiores momentos do ano e de sua carreira.


E já que descambamos para a história, vale lembrar que os rapazes eram vizinhos em 'Forest Hills', 'New York', e estrearam ainda adolescentes em 1957, como 'Tom & Jerry' (Art & Paul, respectivamente) e uma gravação 'Hey Schoolgirl' que causou uma boa impressão na época. Mas com a separação de escola em 58, a dupla se desfez.

Em 1964, com a forte cena Folk em NY (Joan Baez, Dylan), a dupla volta como 'Simon & Garfunkel' e lança 'Wednesday Morning, 3 a.m.', um álbum de duas vozes e um violão, contendo covers (Dylan), e até uma peça medieval, 'Benedictus'; e a primeira canção que traria fama à dupla, 'The Sound Of Silence'. Só que na época o disco não vingou e, desapontados, 'Art Garfunkel' retorna a sua Faculdade de Matemática e 'Paul Simon' parte para a Inglaterra atrás de novas inspirações.

Em Maio/65, acompanhado de seu violão, 'Simon' entra nos estúdios da Columbia, em Londres, e grava em poucas horas um punhado de canções (algumas seriam utilizadas nos dois próximos álbuns da dupla). Estando mais envolvido com a atmosfera do Folk Britânico, dessa vez compõe músicas mais profundas que integram o 1º solo, 'The Paul Simon Song Book' e realiza uma série de espetáculos nos circuitos de Londres (a música 'Homeward Bound' transcreve bem esse momento).

'I'm sittin' in the railway station
Got a ticket for my destination
On a tour of one night stands
My suitcase and guitar in hand
And every stop is neatly planned
For a poet and a one man band'

Mal sabia ele que a música 'The Sound of Silence' estava sendo pedida por ouvintes de várias rádios nos Estados Unidos, fazendo com que o produtor da dupla 'Tom Wilson' - que já trabalhara com os 'Byrds'-, pegasse a 'Banda' de estúdio de 'Dylan' para colocar guitarras, baixo e bateria na acústica canção e lançá-la em single tornando-se número 1 no ano novo de 1966.

- Antes de retornar aos Estados Unidos, 'Simon' produziu (e tocou junto em alguns clubes) o único disco do conturbado Jackson Carey Frank, o belo 'Blues Run The Game' (que é uma outra e envolvente história...) -

Com o primeiro hit (de uma série de vários) nas paradas, 'Simon' retoma a dupla e grava o segundo disco, 'Sounds Of Silence' que mantém a fórmula de dar mais energia, 'eletricidade' ao folk do duo, assim como ocorrera com o som de 'Dylan'.

Hora das turnês e de mais um disco, dessa vez, com o maior domínio dessa mistura do elétrico com o acústico, e trazendo uma sonoridade melódica mais apurada, com temas mais adultos nas composições de 'Simon', e um 'Garfunkel' com vocais mais proeminentes, como na canção 'For Emily Wherever I May Find Her', em que ele mostra todo seu fenomenal alcance vocal (diria, um coral numa única garganta), sai 'Parsley, Sage, Rosemary and Thyme', 3º clássico da dupla e o mais consistente até então.

1967 a dupla excursionou bastante, mas sem banda, apenas com o acompanhamento do violão de 'Simon' e trabalhou duro no primeiro disco 'conceitual' do duo (depois de 'Sgt. Peppers' gravação de estúdio virou brincadeira séria). Só que antes tiveram que satisfazer o desejo do diretor 'Mike Nichols' que implorava para que a dupla gravasse a trilha para o seu filme 'The Graduate' (no Brasil, 'A Primeira Noite de um Homem', com 'Dustin Hoffman'), e 'Mrs. Robinson' virou o primeiro grande hit do cinema.

Mas é com 'Bookends', 4º álbum do duo (sem contar com a trilha), lançado quase na mesma época de 'The Graduate', que a dupla chega ao seu ponto mais alto, num trabalho que divaga sobre os anos passados e perdidos (e eles não estão nem com 25 anos ainda) e traz pérolas como 'America', 'Old Friends', 'Hazy Shade Of Winter'. Como de se esperar, depois do topo não resta muita opção. Atividades paralelas, estremecimento na antiga amizade e difíceis sessões de gravações do novo álbum, apontavam agora outros rumos para os dois 'old friends'.

Mas antes... alguns milhares de dólares com o maior sucesso comercial da dupla, e um dos discos mais célebres de 1970, 'Bridge Over Troubled Water'. Mais eclético, traz grandes clássicos como a canção título ('um dos mais lindos poemas de amizade', já disseram uma vez), a andina 'El condor Pasa', 'The Boxer', 'Cecília'...

Aí, mais alguns exaustivos shows, e mais um show beneficente em 1972 e... bye bye love!



...Eis que em 19 de Setembro de 1981, 25 anos atrás, acontece o maior evento do ano, a reunião dos dois músicos nun concerto ao ar livre no Central Park, NY. O show foi memorável, a começar pelo público inesperado de 500 mil pessoas e pela emoção que a dupla exalava em cada canção apresentada. O show tem suas falhas, 'Art' não está com sua melhor voz e reclama do frio que faz, mas ambos estão extasiados ante uma multidão realizada.

Registro histórico, o show se transformou no primeiro álbum ao vivo de 'Simon & Garfunkel' e em vídeo, fazendo com que a dupla fizesse sua primeira verdadeira excursão mundial em 1982.

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Dois outros registros 'Live' da dupla são encantadores. Um show completo gravado em 1967 (antes mesmo da criação de alguns dos seus grandes clássicos), 'Live From New York City 67', só vozes e violão, lançado em 2002.

E o outro é o último trabalho lançado em nome de 'Simon & Garfunkel', da turnê de 2003/2004, 'Old Friends', dez anos depois do show no Central Park. Um registro impecável com alguns dos mais belos arranjos já feitos para suas composições e com participação especialíssima do 'Everly Brothers'.

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...E as últimas da dupla é o recém lançado DVD do Concerto Beneficente às vítimas do Katrina gravado em Setembro/2005, em que executam três canções, e que tem ainda as participações de nomes como 'Elton John, Jimmy Buffett, Elvis Costello, Dave Matthews' e outros.

'Time it was and what a
time it was it was
A time of innocence
A time of confidences

Long ago it must be
I have a photograph
Preserve your memories
They're all that's left you'
(Old Friends)

terça-feira, setembro 12, 2006


Tão raro acontecer algum evento aqui no 'Vale do Paraíba' e faz tanto tempo que o saudoso paquistanês 'Nusrat Fateh Ali Khan' pisou o chão de 'Campos do Jordão', ou que a excepcional 'Diamanda Galas' soltou seu berro para um público minguado (e privilegiado) em 'São José dos Campos'.


Eis que acontece na comunidade dos 'Mellos', localizada na intersecção de 3 munícipios 'Campos do Jordão', 'São Bento do Sapucaí' e 'Santo Antônio do Pinhal', um Festival de Dança, Teatro de Bonecos, Palestras, Oficinas, cinema... e Música, com as participações de 'Davi Moraes', a cantora 'Céu' (foto) e os 'DJs, Dolores (foto) e Flavião', entre os dias 15 e 17 de Setembro.


Veja Aqui a Programação.

domingo, setembro 10, 2006

Te Recuerdo Víctor

Amanhã o mundo comemora os 5 anos do chocante '11 de Setembro', talvez a imagem mais impressionante que se pôde assistir ao vivo numa televisão. Nesses dias de bastante frio, me peguei tecendo comparações com isso e aquilo e acabei por tomar de empréstimo a filosofia da 'Lei do Retorno'... Por esse mesmo dia 11 de Setembro, só que do ano de 1973, portanto 33 anos atrás, Esse mesmo governo de ego ferido patrocinava a 'farra' do Chile ceifando mais de 15 mil vidas, entre elas a do poeta, diretor teatral, ativista político, compositor e cantor "Víctor Jara".

'Víctor' tinha 41 anos e já havia lançado 8 discos (o primeiro em 1966), quando foi preso pelo golpe militar e levado ao Estádio de Futebol (que hoje leva seu nome) juntamente com milhares de estudantes e trabalhadores. Os relatos são dos mais bárbaros, com cenas de tortura, com as mãos do cantor tendo as falanges dos dedos esmagadas por arma e marteladas pelo corpo. Corpo esse que apareceria dia 15 crivado de balas (Melhor visitar Aqui para um relato mais detalhado). 'Víctor' era um artista reconhecido e querido, já levara sua bandeira para outras terras como Cuba, México, Inglaterra. Sua música, ao lado da de 'Violeta Parra', 'Atahualpa Yupanqui', foi referência para se descobrir um movimento que aglutinava poesia do campo, a música folclórica latina e letras politizadas. Era a 'Nueva Cancion' que salpicava por entre los hermanos, de 'Chico Buarque', a 'Mercedes Sosa' (Argentina), a 'Silvio Rodriguez' (Cuba).

Embora os militares tenham tentado rasgar, queimar tudo que se referisse ao nome 'Víctor Jara', muito de sua memória deve a coragem de sua esposa inglesa 'Joan Jara', que após conseguir enterrar o corpo de seu marido, conseguiu sair escondida do Chile em Outubro/73, levando as duas filhas do casal 'Amanda' e 'Manuela' e levando duas preciosas malas com escritos, canções e recordações de 'Víctor', incluindo a canção 'Manifesto' que sairia logo no ano seguinte no primeiro trabalho póstumo. (Neste Blog há uma entrevista de 2001 com 'Joan' que ela conta particularidades como a do 'Víctor nunca ter tocado guitarra, só violão; e fala da emoção que sente até hoje ao ouvir a canção 'Manifesto', lembrando da primeira vez que Víctor tocou para ela em Agosto de 73, poucos dias antes do assassinato). 'Joan Jara' escreveu uma biografia chamada, 'Víctor Jara' - Um Canto Truncado', e participou da criação da 'Fundação Víctor Jara'.

Canto
Manos Abiertas


"Contam as testemunhas que Jara não acabou de cantar. Foi metralhado no meio. Jara não está mais vivo. (...)
Parei e dei uma olhada na janela prá retomar o fôlego. E o que vejo, Zé? Os carros passando normalmente, os supermercados cheios, as pessoas desfilando as última moda para o inverno e, na esquina, o Exército da Salvação canta e toca pelo Natal que vem. Levei um choque. Quando levantei da mesa e olhei pela janela, esperava que todos na rua estivessem parados, com um nó na garganta, água vindo nos olhos em silêncio. Vivendo a morte de Victor Jara. Parece infantil, mas eu esperava isto. Mas eles não estavam sofrendo comigo. Nem sabem. Engolí o choro (...) Talvez se eu passasse chorando todos parassem. E será que se eu sair na Rua 70 chorando, Nova Yorque vai saber que Victor Jara morreu?"
(Trecho de uma carta de Henfil de NY a um amigo no Brasil.)

THE END